sexta-feira, 7 de outubro de 2011

RELAÇÕES GRAMATICAIS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

Conjunções
As conjunções são palavras invariáveis que servem para conectar orações, estabelecendo entre elas uma relação de dependência ou de simples coordenação. Alguns exemplos de conjunções são: portanto, pois, como, mas, e, embora, porque, entretanto, nem, quando, ora, que, porém, todavia, quer, contudo, seja, conforme, etc.
O estudo das conjunções é bastante amplo e foi portanto dividido de acordo com a sua classificação formal. Segue a lista dos tipos de conjunções:
Subclasse Conjunções locuções
Copulativas (indicam adição) e, também, nem, que (1) não só ... mas também, não só ... como também, tanto ... como
Adversativas (indicam oposição) Mas, porém, todavia, contudo, que (2), entretanto no entanto, não obstante, apesar disso, ainda assim, mesmo assim, de outra sorte, ao passo que
Disjuntivas (indicam alternativa) Ou ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer ... quer, seja ... seja, seja ... ou, nem ... nem
Conclusivas (ligam uma oração que exprime conclusão ou consequência a uma anterior) Logo, pois, portanto por consequência, por conseguinte, pelo que
Explicativas (ligam duas orações, a segunda das quais justifica o conteúdo da primeira) Pois, que, porquanto, porque

(1) que é conjunção copulativa quando equivale a e. bate que bate.
(2) que é conjunção adversativa quando equivale a mas. o trabalho deves fazê-lo tu que (mas) não eu.
Conjunções coordenativas
1. Classificação
Classificam-se as conjunções coordenativas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.
a) Aditivas, que servem para ligar simplesmente dois termos ou duas orações de idêntica função: e, nem [= então].
Ex.: Tinha saúde e robustez.
Pulei do banco e gritei de alegria.
Não é gulodice nem interesse mesquinho.
b) Adversativas, que ligam dois termos ou duas orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, uma ideia de contraste: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto.
Ex.: Seu quarto é pobre, mas nada lhe falta.
Cada uma delas doía-me intensamente; contudo não me indignavam.
c) Alternativas, que ligam dois termos ou orações de sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se um fato, o outro não se cumpre: ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, nem...nem, já...já, etc.
Ex.: Para arremedar gente ou bicho, era um génio.
Ou eu me retiro ou tu te afastas.
d) Conclusivas, que servem para ligar à anterior uma oração que exprime conclusão, consequência: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, então.
Ex.: Não pateia com a ordem; é, pois, um rebelde.
Ouço música, logo ainda não me enterraram.
e) Explicativas, que ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia contida na primeira: que, porque, pois, porquanto.
Ex.: Dorme, que eu penso.

2. Posição das conjunções coordenativas
Nem todas as conjunções coordenativas encabeçam a oração que delas recebe o nome. assim:
a) Das conjunções coordenativas apenas mas aparece obrigatoriamente no começo da oração; contudo, entretanto, no entanto, porém e todavia podem vir no início da oração, ou após um de seus termos. Sirvam de exemplo estes períodos:
Ex.: Tentou subir, mas não conseguiu.
Tentou subir, porém não conseguiu.
Tentou subir; não conseguiu, porém.
b) Pois, quando conjunção conclusiva, vem sempre posposta a um termo da oração a que pertence.
Ex.: Era, pois, um homem de grande carácter e foi, pois, também um grande estilista. (j.ribeiro)
c) As conclusivas logo, portanto e por conseguinte podem variar de posição, conforme o ritmo, a entoação, a harmonia da frase.

Conjunção subordinativa
Liga orações dependentes a uma oração principal cujo sentido é incompleto.
i) Conjunção integrante
Serve para introduzir uma oração que funciona como sujeito, objecto directo, objecto indirecto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração. São duas: que e se. Quando o verbo exprime uma certeza. Usa-se que; quando incerteza, se:
Afirmo que sou estudante.
Não sei se existe ou se dói…

ii) Conjunção causal
porque, pois, porquanto, como = porque, pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto como, que, etc.
Inicia uma oração subordinada denotadora de causa.
Dona Luísa fora para lá porque estava só.
Como o calor estivesse forte, pusemo-nos a andar pelo Passeio Público.

iii) Conjunção concessiva
embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, apesar de que, nem que, que,e, etc.
Inicia uma oração subordinada em que se admite um facto contrário à acção principal, mas incapaz de impedi-la.
Pouco demorei, conquanto muitos fossem os agrados.
É todo graça, embora as pernas não ajudem…

iv) Conjunção condicional
se, caso, quando, contanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc.
Iniciam uma oração subordinada em que se indica uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal.
Seria mais poeta, se fosse menos político.
Consultava-se, receosa de revelar sua comoção, caso se levantasse.

v) Conjunção conformativa
conforme, como = conforme, segundo, consoante, etc.
Inicia uma oração subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da oração principal.
Cristo nasceu para todos, cada qual como o merece.
Tal foi a conclusão de Aires, segundo se lê no Memorial. (Machado de Assis)

vi) Conjunção comparativa
que, (mais/menos/maior/menor/melhor/pior) do que, (tal) qual, (tanto) quanto, como, assim como, bem como, como se, que nem
Iniciam uma oração que contém o segundo membro de uma comparação.
Era mais alta que baixa.
Nesse instante, Pedro se levantou como se tivesse levado uma chicotada.
O menino está tão confuso quanto o irmão.

vii) Conjunção consecutiva
que (combinada com uma das palavras tal, tanto, tão ou tamanho, presentes ou latentes na oração anterior), de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que
Iniciam uma oração na qual se indica a consequência do que foi declarado na anterior.
Soube que tivera uma emoção tão grande que Deus quase a levou.
Falou tanto na reunião que ficou rouco.

viii) Conjunção final
Iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade da oração principal
para que, a fim de que, porque = para que, que
Aqui vai o livro para que o leias.
Fiz-lhe sinal que se calasse.
Chegue mais cedo a fim de que possamos conversar.

ix) Conjunção proporcional
Iniciam uma oração subordinada em que se menciona um fato realizado ou para realizar-se simultaneamente com o da oração principal.
à medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais ... (mais), quanto mais (tanto mais), quanto mais... (menos), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (menos), quanto menos... (tanto menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (tanto mais)
Ao passo que nos elevávamos, elevava-se igualmente o dia nos ares.
Tudo isso vou escrevendo enquanto entramos no Ano Novo.
O preço da carne aumenta à proporção que esse alimento falta no mercado.


x) Conjunção temporal
Iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo
quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que = desde que, etc.
Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Implicou comigo assim que me viu.

Nota bem:
Uma conjunção é na maioria das vezes precedida ou sucedida por uma vírgula (",") e muito raramente é sucedida por um ponto ("."). Seguem alguns exemplos de frases com as conjunções marcadas em itálico:
"Aquele é um bom aluno, portanto deverá ser aprovado."
"Meu pai ora me trata bem, ora me trata mal."
"Gosto de comer chocolate, mas sei que me faz mal."
"Marcelo pediu que trouxéssemos bebidas para a festa."
"João subiu e desceu a escada."
Quando a banda deu seu acorde final, os organizadores deram início aos jogos.

Observações gerais
• Em geral, cada categoria tem uma conjunção típica. Assim é que, para classificar uma conjunção ou locução conjuntiva, é preciso que ela seja substituível, sem mudar o sentido do período, pela conjunção típica. Por exemplo, o "que" somente será conjunção coordenativa aditiva, se for substituível pela conjunção típica "e".
Veja o exemplo:
"Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és."
"Diz-me com quem andas, e eu te direi quem és."
• As conjunções alternativas caracterizam-se pela repetição, excepto "ou", cujo primeiro elemento pode ficar subentendido.
• As adversativas, excepto “mas”, podem aparecerem deslocadas. Neste caso, a substituição pelo tipo (conjunção típica) só é possível se forem devolvidas ao início da oração.
• A diferença entre as conjunções coordenativas explicativas e as subordinativas causais é o verbo: se este estiver no imperativo, a conjunção será coordenativa explicativa: "Fecha a janela, porque faz frio."
• O "que" e o "se" serão integrantes se a oração por eles iniciada responder à pergunta "Qual é a coisa que…?", formulada com o verbo da oração anterior. Veja o exemplo:
Não sei se morre de amor. (Qual é a coisa que não sei? Se se morre de amor.)


Locução conjuntiva
As locuções conjuntivas são duas ou mais palavras que funcionam solidariamente como conjunções estabelecendo relações entre as orações dos enunciados. As locuções conjuntivas mantém também a mesma característica de invariabilidade (funcionam colectivamente como palavras invariáveis) e a mesma classificação das conjunções.
Na maioria das vezes as locuções conjuntivas são terminadas pela palavra "que", segue alguns exemplos: desde que, uma vez que, já que, por mais que, à medida que, à proporção que, visto que, ainda que, entre outras.
As principais diferenças entre uma conjunção e uma locução conjuntiva é que essa última costuma aparecer mais no início da frase e dificilmente é sucedida por uma vírgula (","), também são muito raros os casos em que uma locução conjuntiva é sucedida por um ponto (".").

Segue alguns exemplos de frases com as conjunções marcadas em itálico:
"Maria não dorme desde que seu tio morreu.";
"À proporção que Letícia foi parando de fumar, sentiu-se mais bem-disposta com o trabalho.";
"À medida que aquele cachorro vem crescendo, vem comendo mais ração.";
"Já que não está com fome, vou comer a sua parte.".




Orações reduzidas
As orações reduzidas podem ser:
1. Orações subordinas reduzidas de infinitivo
Podem vir ou não precedidas de preposição.
2. Orações subordinadas reduzidas de gerúndio
3. Orações subordinadas reduzidas de particípio

Orações subordinadas reduzidas de infinitivo
Podem ser substantivas, adjectivas ou adverbiais:
1. Substantiva
Subjectiva "Era difícil andar." "Era-lhe tão enfadonho escrever cartas compridas." (M. Assis)
Objectiva Directa "Resolveu não mostrar o convite a ninguém." (R. Queiroz)
Objectiva Indirecta "Ninguém pensa em cavalgar numa águia." (Idem)
Completiva nominal "Sentiu vontade de vomitar e de morrer." (A. Prado)
Predicativa "Vai, teu ofício é alegrar o homem." (X. Marques)
Apositiva "Prometi-lhes apenas isto: esperá-los até às dez horas."


2. Adjectiva
"Comprei uma máquina de lavar roupa."


3. Adverbial
Causal "Morreu de tanto esperar." "por serem apressados, fizeram um péssimo trabalho."
Concessiva "Apesar de sentir medo, não fugiu."
Condicional "Não saia sem pedir licença."
Consecutiva "O exame foi difícil a ponto de provocar revolta nos alunos."
Final "Maria Clara acordou de seu sonho para encarar a realidade" (B. Rocha)




6) Temporal
"Ao começar o século, ainda éramos um satélite da França." (Nosso Século)

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