I
A colocação e/ou o uso dos pronomes oblíquos átonos ou clíticos ME, TE, SE, O (S), A (S), LHE (S) e NOS, em relação ao verbo, segue determinadas orientações e regras. Assim, pode ter-se os seguintes casos de colocação dos pronomes clíticos ou oblíquos átonos:
1. Ênclise
A ênclise consiste na colocação dos pronomes oblíquos átonos ou simplesmente pronomes clíticos depois do verbo. Assim, o pronome deve ficar depois do verbo quando houver:
1. Sujeito explícito antes do verbo:
• Ele manteve-se irredutível em relação ao divórcio.
• William Golding consagrou-se como um mestre em esmiuçar questões complexas da natureza humana.
• Desde os dois anos de idade a Luísa veste-se sozinha.
• Humilhar o vizinho tornou-se uma obsessão para Joel.
• Por muito tempo aquelas pessoas debateram-se com o alcoolismo.
2. Conjunção coordenativa:
• Gostei da festa, porém despedi-me cedo.
• Tem rompantes, mas arrepende-se depois.
• O governador foi taxativo e estendeu-se longamente sobre o assunto.
Obs. Quando o pronome é a/as, o/os, torna-se preferível a ênclise: Conseguido o divórcio, sentiu-se tentada a enganá-lo (em vez de “ (…) sentiu tentada a o enganar.”) na divisão dos bens. /Tenho o prazer de convidá-los a comparecer ao baptismo. / Folgo por sabê-los bem. Entretanto, pode-se, também, ter construções como: Tenho o prazer de os convidar a comparecer ao baptismo, quando o elemento antecedente forem as preposições para e de.
2. Próclise
A posição proclítica consiste em colocar o pronome oblíquo átono ou pronome clítico antes do verbo. Para tal, há que obedecer a determinadas regras e situação que condicionam tal posição do pronome. Desta forma, pode adoptar-se a próclise nas seguintes situações:
1) Os pronomes indefinidos e relativos e as conjunções subordinativas atraem o pronome átono; para facilitar seu reconhecimento, convém notar que grande parte começa com que:
• Eis o livro do qual se falou a noite inteira. / Eis o livro de que se falou.
• Procuramos por quem se interesse por criação de bicho-da-seda.
• O resultado das urnas serviu para mostrar a falácia daqueles que se jactavam de uma força política que lhes permitia tudo.
• A sua carreira política começou em 1998, quando se elegeu o vereador pelo partido Frelimo, na cidade de Maputo.
• Em sociedade tudo se sabe. / Onde (é que) se meteram eles?
2) Também as palavras de valor negativo atraem o pronome átono:
• Nada nos afecta tanto quanto o aumento do leite. / Nunca se viu coisa igual.
• Não me diga isso para não me aborrecer. / Ninguém os tolera.
• Jamais se soube a verdadeira versão dos factos.
É importante observar que se a partícula (advérbio, pronome, etc.) negativa precede um infinitivo não flexionado, o pronome pode vir depois do verbo: Calei para não magoá-la./ Saí para não incomodá-los. Admite-se, contudo, construções como: Calei para a não magoar./ Saí para os não incomodar.
3) Os advérbios de um modo geral atraem o pronome átono:
• Aqui se faz, aqui se paga. / Agora te reconheço. / Sempre se disse isso.
• Lá se foi o nosso dinheiro... / Talvez nos encontremos. / Devagar se vai ao longe.
• Ele certamente a viu. / Muito nos contaram sobre isso. / Logo se saberá o resultado.
4) As preposições antes de verbo no infinitivo:
• Nas lojas desportivas encontrámos o equipamento ideal para nos proporcionar uma vida sadia.
• Temos satisfação em lhe participar a inauguração da fábrica.
• Tenho o prazer de lhes falar sobre a filosofia que norteia nossa instituição.
5) O pronome se com valor de condicional
• Se se concordar com a decisão, então podemos avançar.
• Vou explicar-te matemática se te comportares bem.
• Se nos prepararmos bem, faremos melhor o exame de Demografia.
3. Ênclise
A posição enclítica consiste em colocar o pronome oblíquo átono ou o pronome clítico na posição intermédia do verbo, isto é, entre o radical do verbo e a desinência. Aplica-se a ênclise nas seguintes situações:
1) A ênclise usa-se em tempos futuros; em outros termos: colocar o pronome átono depois dos verbos no futuro do presente e do pretérito do indicativo e no futuro do conjuntivo:
• Fazer-me-ei e não fazerei-me / far-nos-ia e não fazeria-nos / dir-se-iam e não diria-se.
• Eu ter-me-ia aposentado se ganhasse bem e não Eu teria-me aposentado se ganhasse bem.
Obs.: No começo de frase não se aceita, na linguagem culta e formal, a colocação do pronome átono em início de frase; é permitida na linguagem informal e nos diálogos também informais.
II
Locução verbal
Relembrando: locução verbal é a reunião de dois ou mais verbos para exprimir uma só acção. O primeiro verbo é chamado auxiliar; o último é o principal e está sempre no infinitivo, no gerúndio ou no particípio. Para melhor visualização e fixação, vejam-se as possibilidades de colocação dos pronomes átonos por meio de exemplos apenas:
1) Auxiliar + Infinitivo
• Quero fazer-lhe uma surpresa.
• Vim informar-te do acidente que houve.
2) Auxiliar + Infinitivo com preposição a
• Já começámos a preparar-nos para o exame.
• Eles estão a dar-nos mais uma oportunidade.
3) Auxiliar + Gerúndio
• Eles foram afastando-se.
• Eles foram-se afastando.
4) Auxiliar + Particípio
• O povo havia-se retirado quando chegámos.
• Tinha-te dito para não saíres com ela.
Bibliografia
Arquivo capturado via: www.kplus.cosmo.com.br/materia.asp? Co=51&rv=Gramatica, a 12 de Agosto de 2009.
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 15.ª ed. Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1990.
Por: Nélis Félix Elias
01 de Junho de 2010
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