terça-feira, 27 de setembro de 2011

RESUMO

RESUMO 1. Resumo De acordo com Rei (2000:75), resumir um texto é “condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação, i.e., os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulário e do estilo pessoais do aluno.” É, portanto, reter o essencial de um texto, de uma ideia, ou seja, como afirmam Nascimento & Pinto (2006:143), reproduzir com fidelidade as ideias essenciais de um texto. Observe-se que ao se redigir o resumo, deve encarar-se o texto como um todo, considerando-o não como uma sequência de frases soltas ou autónomas, de acordo com Petitjean (1984:123) citado por Rei (Idem), e não se pode emitir juízos de valor, opiniões sobre as ideias ou factos que no texto original se expressam, e não se pode acrescentar informação. A linguagem deve ser simples e clara, substituindo-se as palavras de difícil compreensão por palavras correntes, excepto em textos em que se use vocabulário técnico e científico. (cf. Sebastião et tal. (1999:20). 1.1. Duas competências exigidas pelo resumo Um resumo, segundo Giquel (1994:13), satisfaz duas exigências principais: a compressão do texto e a sua restituição, ou seja, nas palavras de Nascimento & Pinto (2006:114-115), a) a compreensão da estrutura global do texto a resumir (= texto-fonte), que se manifesta através da apresentação das ideias fundamentais do texto-fonte, manutenção da relação lógica entre essas ideias fundamentais; manutenção da ideia original do texto, e b) a contracção da informação expressa na extensão indicada e num discurso correctos do ponto de vista do vocabulário, da morfologia, da sintaxe e da ortografia. 1.2. Percurso (plano para a elaboração do resumo) O plano para a elaboração do resumo consiste, segundo Giquel (op. cit.:35), na definição de blocos de ideias, depois da leitura do texto, sendo que esses blocos vão constituir os parágrafos do texto-resumo. Rei (2000:75) apresenta os seguintes passos para a elaboração do plano para a elaboração do resumo: • Compreensão e apreensão do texto pela técnica do sublinhado de palavras-chave; • Divisão hierárquica do texto em partes e subpartes; • Atribuição de um título a cada uma delas: pode ser temático (baseado no conteúdo ou explicativo (caracteriza as partes); • Destacamento da oposição, simetria, crescendo ou diminuendo das ideias presentes no texto; • Distinção clara: das ideias principais (a tese), das ideias secundárias (argumentos que a suportam) e dos exemplos. 1.3. Regras de elaboração do resumo Rei (2000:76) apresenta quatro regras para a elaboração de um resumo, a saber: a) Supressão/apagamento: podem ser supressões de repetições, de fórmulas, da ênfase, de interjeições... o resumo transmite uma tese e não uma escrita. Podem ser supressões de exemplos isolados, citações, anedotas... o resumo transmite uma demonstração e não uma explicação; b) Generalização: é possível substituir alguns elementos, como palavras e ideias por outros mais gerais. c) Selecção: distinguir bem o essencial e o acessório, suprimindo elementos que exprimam pormenores óbvios e normais no contexto; d) Construção/constituição: manter tempos e pessoas, respeitar a ordem do texto, atender à proporção entre o texto dado e o texto a produzir, fazer tantos parágrafos quantas as partes que tiver o nosso plano, conservar a estrutura do texto de partida e, assim, as articulações lógicas; ligar logicamente as frases redigidas. 1.4. Defeitos a evitar no resumo Rei (Idem) citando Pages e Pages-Pindon (1982:179) destaca os seguintes defeitos: - Imitação do texto de partida: o resumo pode usar o mesmo vocabulário (evitar a busca abusiva de sinónimos), mas não permite o uso de expressões ou de frases inteiras, isto é, de citações; - Intromissões pessoais: comentários ou deturpações; - Destruição do texto: ausência de ligações lógicas entre as frases ou os parágrafos; - Desproporção, tanto parcial, conservando um exemplo ou uma ideia secundários em detrimento de uma ideia principal, como geral, atribuindo demasiada importância a uma parte do texto em detrimento das outras. 1.5. Algumas palavras de ligação usadas no resumo Relações circunstanciais Tempo Antes, em seguida, depois, então, enfim, no entanto, entretanto, outrora, hoje, no futuro Lugar Aqui, além, mais longe Maneira ou modo Assim, deste modo, desta maneira Relações lógicas Adição E, também, por outro lado, para além disso, além disso, igualmente, assim como, ainda, além do mais Disjunção (= escolha) Ou...ou, quer...quer, tanto...como Oposição Mas, ao contrário, todavia, no entanto, não obstante, contudo, mesmo assim porque, com efeito Causa Porque, com efeito Consequência Pois, eis, porque, por consequência, assim, também, então, por isso, donde Acordo Certamente, sem dúvida, com certeza Incerteza Talvez, eventualmente (cf. Giquel, F. Como resumir textos. Porto, Porto editora, 1994. p. 38) Exemplo de resumo: Mário e Luísa à noite foram jantar ontem ao restaurante da esquina. Sentaram-se à mesa perto da entrada. Mário comeu uma pizza com cogumelos, uma fatia de bolo margarida; Luísa comeu pudim de espinafres, alcachofras à romana e salada. Depois, quando saíram, caminharam velozes contra o vento frio da noite, atravessaram a rua e voltaram para casa. Procuraram a chave, abriram a porta da entrada, viram se havia correio e chamaram o elevador. Finalmente, sentaram-se no sofá de casa, mesmo a tempo de se deliciarem no “quentinho” com um filme de Gary Grant em que ambos estavam interessados. Resumo-1: Ontem à noite, apesar do frio, Mário e Luísa foram comer fora. Mário tomou um jantar à base de farináceos e Luísa à base de vegetais. Depois voltaram para casa a pé a tempo de verem o filme de Gary Grant. (40 palavras). Resumo-2: Depois de jantar fora ontem à noite, Luísa e Mário voltaram para casa para ver o filme de Gary Grant. (18 palavras). Bibliografia:  GIQUEL, Françoise. Como resumir textos. Porto, Porto editora, 1994.  NASCIMENTO, Z. & PINTO, J.M de Castro. A dinâmica da escrita: como escrever com êxito.5.ª ed. Lisboa, Plátano editora, 2006.  REI, J.E. Curso de Redacção II. Porto, Porto Editora, 2000.  SEBASTIÃO, Lica et al. Português, 11.ª classe: textos e sugestões de actividades. Maputo, Diname, 1999.  SIMONET, Jean e SIMONET, Renée. Como Tomar Notas de Maneira Prática. Lisboa, Editora Cetop, 1988.

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