Os Lusitanos são vistos como os antepassados dos Portugueses. Eram um povo celtibérico que viveu na parte ocidental da Península Ibérica. Primeiramente, uma única tribo que vivia entre os rios Douro e Tejo. Ao norte do rio Douro limitavam com os Galaicos e Astures na província romana da Galécia, ao sul com os Béticos e ao oeste com os Celtiberos na área mais central da Hispânia Tarraconensis.
A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos.
Entre as numerosas tribos que habitavam a Península Ibérica quando chegaram os romanos, encontrava-se, na parte ocidental, a dos lusitani, considerada por alguns autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram contra os romanos. Não se sabe ao certo qual a sua origem. Alguns autores também incluem nos Lusitanos, os Galaicos, que, por sua vez, tinham por vizinhos, a oriente, os Astures e os Celtiberos. Os galaicos aparecem documentados por vez primeira formando parte do exército do caudilho luso Viriato como mercenários de guerra mas os galaicos (castrejos) ao norte do Douro posteriormente seriam administrados por Roma como província autónoma na Gallaecia (Galécia) à margem da Lusitânia e da Hispânia Tarraconensis trás ser conquistados por Décimo Júnio Bruto o Galaico.
Tito Lívio na História Romana escritor do século I a.C., menciona-os incorporados como mercenários no exército de Aníbal, tomando parte na batalha da Trébia e depois atravessando os Pirenéus, após a destruição de Sagunto, a caminho de Itália.
Os lusitanos, segundo teses mais modernas, seriam de origem pré-celta, como o provam os escritos em língua lusitana encontrados em território português e Estremadura espanhola.
Conhecem-se só três inscrições lusitanas, todas elas muito tardias. Todas elas usam já o alfabeto latino, previamente ao período romano não tivera existido uma epigrafia lusitana própria. As principais inscrições foram em território português, em Lomas de Moledo, Cabeço das Fraguas, a outra inscrição procede de Arroyo de Cáceres (Estremadura. Espanha). A modo de exemplo mostramos aqui a inscrição de Cabeço das Fráguas do século III d.C.:
OILAM TREBOPALA INDI PORCOM LAEBO COMMAIAM ICCONA LOIM INNA OILAM VSSEAM TREBARVNE INDI TAVROM IFADEM[...] REVE TRE[...]
Esta inscrição traduz-se habitualmente como: "[é sacrificada] uma ovelha a Trebopala, e um porco a Laebo, ofrenda a Iccona Luminosa, uma ovelha de um ano a Trebaruna e um touro semental a Reve Tre[baruna(?)]".
Descrição linguística: As inscrições lusitanas (escritas em alfabeto latino) mostram uma língua celtoide facilmente traduzível e interpretável, já que conserva em maior grado o seu parecer com o celta comum. A conservação de p- inicial nalgumas inscrições lusitanas, faz que muitos autores não considerem o lusitano como uma língua celta, mas celtoide. O celta comum perde o p- indoeuropeu inicial. Por exemplo: "porc/om" em lusitano seria dito "orc/os" em outras línguas celtas como o celtíbero, galaico, goidélico ou gaulês.
Para estes autores, o lusitano mais que ser uma língua descendente do celta comum seria uma língua emparentada do celta comum, isto é, uma variante separada do celta, mas com muita relação a ele.
Os lusitanos foram considerados, pelos historiadores, hábeis na luta de guerrilhas, como o provaram quando chefiados por Viriato se livraram do cerco de Vetílio e o perseguiram até ao desfiladeiro da Serra de Ronda, onde desbarataram as tropas romanas. Utilizavam como armas o punhal e a espada, o dardo ou lança de arremesso, todo de ferro, e a lança de ponta de bronze. Diz-se também que eles untavam o corpo: que usavam banhos de vapor, lançando água sobre pedras ao rubro, e tomavam em seguida um banho frio; comiam apenas uma vez por dia. Praticavam sacrifícios humanos e quando o sacerdote feria o prisioneiro no ventre faziam vaticínios segundo a maneira como a vítima caía. Sacrificavam a Ares, deus da guerra, não só prisioneiros, como igualmente cavalos e bodes. Praticavam exercícios de ginástica como o pugilato e corridas, simulacros de combates a pé ou a cavalo: bailavam em danças de roda, homens e mulheres de mãos dadas, ao som de flautas e cornetas; cada um tinha apenas uma mulher. Usavam barcos feitos de couro, ou de um tronco de árvore.
As lutas dos lusitanos contra os romanos começaram em 193 a.C.. Em 150 a.C. o pretor Sérvio Galba, após ter infligido aos lusitanos grandes punições aceitou a paz com a condição de eles entregarem as armas, aproveitando depois que os viu desarmados para os chacinar. Isto fez lavrar ainda mais a revolta e durante oito anos os romanos sofreram pesadas baixas. Esta luta só acabou com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três companheiros tentados pelo ouro romano. Mas a luta não parou e para tentar acabá-la mandou Roma à Península o cônsul Décimo Júnio Bruto, que fortificou Olisipo, estabeleceu a base de operações em Méron próximo de Santarém, e marchou para o Norte, matando e destruindo tudo o que encontrou até à margem do Rio Lima. Mas nem assim Roma conseguiu a submissão total e o domínio do norte da Lusitânia só foi conseguido com a tomada de Numância, na Celtibéria que apoiava os castros de Noroeste.
Em 60 a.C. Júlio César dá o golpe de misericórdia aos lusitanos. No entanto ainda algumas guerrilhas continuaram pois em 19 a.C. desenvolveram-se acções de submissão nas Astúrias, Leão e Norte de Portugal, onde Augusto e Agripa tiveram de levar a guerra, ficando célebre a última resistência oferecida às tropas romanas pelo castro do monte Medúlio, sobranceiro ao rio Minho, cujos defensores, prestes a serem dominados, acabaram por suicidar-se, preferindo a morte à escravidão.
Citando Caius Julius Caesar (100-44 a.C.) "Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar."
Galba e os Lusitanos
Os chefes Lusitanos, que se encontravam nos castros (povoações rodeadas por muralhas) nos montes Hermínios, após muitas lutas contra os romanos, decidiram propor a paz. Em troca de terras férteis na planície, abandonariam a luta. As conversações sobre a intenção dos lusitanos tiveram como interlocutor um chefe romano de seu nome Galba que fingiu aceitar a proposta oferecendo-lhes um local esplêndido. Em troca teriam que entregar as armas.
Quando os lusitanos se encontravam espalhados por uma zona sem hipóteses de defesa, Galba cercou-os, matando milhares de lusitanos. Aprisionou e enviou para a Gália, como escravos, outros tantos.
Galba, com esta traição, pensava que esta vitória seria bem recebida em Roma, e que com a violência do seu acto tivesse destruído para sempre a resistência dos lusitanos. Puro engano. Esta traição ia contra os conceitos estabelecidos pelas autoridades romanas, que davam muito valor às vitórias militares mas exigiam lealdade e respeito pelos inimigos. Quando souberam que Galba tinha mentido e assassinado homens desarmados que tinham confiado na palavra de um chefe romano, chamaram-no a Roma e julgaram-no em tribunal.
Os Lusitanos, ao contrário do esperado por Galba, formaram um exército de milhares de homens vindos de vários castros e desencadearam ataques sucessivos contra os Romanos, alcançando muitas vitórias sobre o comando desse grande herói do povo Lusitano, que só à traição o eliminariam, Viriato.
Os celtiberos são o povo que resultou, segundo alguns autores, da fusão das culturas do povo Céltico e a do povo Ibero, nativo da Península Ibérica. Habitavam a Península Ibérica, nas regiões montanhosas onde nascem os rios Douro, Tejo e Guadiana, desde o século VI a.C.. Não há, contudo, unanimidade quanto à origem destes povos entre os historiadores. Para outros autores, tratar-se-ia de um povo Celta que adoptou costumes e tradições iberas. Estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos, embora cada uma destas fosse autónoma, numa espécie de federação. Esta organização social e a sua natural belicosidade, permitiram a estes povos resistir tenazmente aos invasores Romanos até cerca de 133 a.C., com a queda de Numância.
Deste povo desenvolveram-se, na parte ocidental da Península, os Lusitanos, considerados pelos historiadores como os antecessores dos portugueses, que viriam ser subjugados ao Império Romano no século II a.C..
Assim, hoje é simples, lusitano é sinónimo de português e denomina todo aquele que seja cidadão de Portugal. Mas esclarecer a origem dos lusitanos, que viviam há 2.300 anos na Hispânia ou Península Ibérica, parece não ser tarefa fácil
A.H. de Oliveira Marques diz na sua História de Portugal, que quando os romanos conquistaram e civilizaram a Península Ibérica para sempre (século II a.C. até século I) encontraram vários povos indígenas, entre os quais os Lusitani e os Celti que não tinham grande diferença entre si e que os primeiros eram com toda a probabilidade povos indígenas celticizados.
A Enciclopédia Britânica diz que os lusitanos eram um povo ibérico e que no território que hoje é Portugal, resistiram à penetração romana até século II d.C. Mas que não se tem a certeza se os Lusitanos eram povos iberos celticizados, ou estavam relacionados com os Celtas Lusões do Nordeste da Península Ibérica.
O Dicionário de História de Portugal, de Joel Serrão, dedica várias páginas ao assunto e esclarece um pouco melhor. Aparentemente foi Estrabão, geógrafo e historiador grego dos começos da nossa era, quem primeiramente se referiu aos lusitanos como « a maior das tribos ibéricas, com a qual muitos anos lutaram os Romanos». Plínio e Ptolomeu, assim como outros escritores antigos também se referiram aos "celtici".
Num recente estudo sobre a etnologia dos lusitanos, o Dr. Scarlat Lambrino, partilhando a apinião de Schulten, procurou demonstrar com argumentos bastante convincentes, que tanto os Lusitanos como os Lusones eram povos de origem céltica, talvez procedentes dos Alpes Suiços, entrados na Península quando das migrações célticas, tendo-se os Lusones fixado na região das nascentes do Tejo e os Lusitanos continuando a marcha, seguindo o vale desse rio até ao Atlântico, possivelmente em busca de melhores terras.
Parece também que a palavra Lusos foi uma criação literária empregada pelos humanistas dos séculos XVI e XVII, baseados num passo mitológico de Marco Varrão (Plinio, III, 8) que filia o topónimo Lusitânia em Lusus ou Lysa, filhos de Baco.
Inspirado nesta fantasiosa lenda, deu Camões à epopeia nacional o título de Lusíadas (A Britânica diz que Camões chamou Lusíadas ao seu poema épico, derivado de Lusitânia - Província Romana), com o significado de filhos ou descendentes daquele Luso da mitologia.
Alexandre Herculano, por outro lado, colocou-se porém num ponto de vista exageradamente oposto e recusou-se a aceitar qualquer relação étnica entre os antigos lusitanos e os Portugueses actuais. No entanto esta sua opinião é insustentável pelo ponto de vista dos conhecimentos actuais.
Os lusitanos eram um povo guerreiro e agrário. As minas no território hispânico davam-lhes o ferro que servia para os seus instrumentos de guerra, sobretudo as compridas lanças, que não poupavam o inimigo. Foi assim, como um povo guerreiro e agrário, que conseguiram dominar a quase totalidade da Península Hispânica.
Era gente aguerrida, formando tribos sem coesão política e que escolhia povoações fortificadas, vivendo do pastoreio e da agricultura. Cultivavam o vinho, o trigo e a cevada, dedicando-se também à pesca. Fabricavam o pão com landes torradas, obtinham a cerveja com base na cevada, alimentavam-se de carne de cabra, usavam a manteiga em vez de azeite.
Estrabão escreveu que os lusitanos eram "a mais poderosa das nações ibéricas e que, entre todas, por mais tempo deteve as armas romanas". Disse também que os lusitanos eram sóbrios e frugais, bebendo só água, cerveja de cevada e leite de cabra. Dormiam deitados no chão. Usavam cabelos compridos como as mulheres, untavam-se com azeite e celebravam jogos vários de destreza física. Fabricavam pão de farinha de glandes de carvalho. Só bebiam vinho em festins. O vestuário dos homens era preto e de lã grosseira ou pelo de cabra.
Sacrificavam aos deuses e consultavam as entranhas humanas em prisioneiros, aos quais cortavam muitas vezes a mão direita.Os criminosos condenados à morte eram despenhados em precipícios, os parricidas lapidados. Casavam à maneira dos gregos. Tito Lívio escreveu que os lusitanos fizeram parte do exército cartaginês de Aníbal que invadiu a Itália (218 a.C.). Diodoro, Possidónio, Plínio, Apiano, Plutarco, etc., escreveram sobre os lusitanos.
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